
ENSAIO SOBRE O CONCEITO DE “BLOGUE”
“A Sabedoria suprema clama a alta voz pelas ruas fora. Às esquinas, no meio do tráfego, ela apela. Nas entradas, junto aos portões e dentro da cidade profere as suas palavras.”PROVÉRBIOS 1:20/1
Encetado nos fins de novecentos, o suporte conhecido por blogue substituiu a ágora helénica, a praça aldeã e o café suburbano de todos os nossos avós salivantes e mucosos. Tornou-se o opinódromo de tudo o que é neurónio cibernético. E gosta-se-lhe.
O vocábulo resulta da contracção de web+log, traduzindo-se por tronco enredado ou rede troncosa, mas—no fundo—trata-se da maior latrina de sentenças em que o Homem teve o prazer de evacuar. Num tom mais sério, dir-se-ia que cumpriu o ideal iluminista duma imprensa universal editada por doutos e leigos e lida por leigos e doutos. O que é bom—a princípio. Não contava Montesquieu é que um clube de fãs de José Cid seria o seu advir. Por outro lado, ele era francês. Avant.


Contudo, o carácter amador (ou amadorense, neste caso) do bloguista pode comprometer o sobrevir do mesmo. Blogues constam ter uma longevidade de um a dois anos. Por esta altura, o opinador partilha já o coito ou achou na TV Shop um melhor bálsamo para a micose no escroto. Antes, postava dois textos ao dia. Semana seguinte, um à semana. Sequente mês, nem já era esquerdista.
O blogue-protótipo é breve e pouco conclui. Oscila entre o dogma mundano e o diário seinfeldiano do Nada. Nos melhores momentos, põe cedilhas nos cc. Nos piores, é um blogue. Noutros ainda, faculta carreiras. Digo-o considerando todos os Gatos-Fedorentos-feitos-Funcionários-Públicos-de-sextas-à-noite do meu portugalinho. E também esses tais de OS FAZEDORES DE LETRAS. Que, apesar de beneficiarem dos abdóminos tonificados do seu director—um belo homem com h (e não só) grande—não devem incomodar a Criação com os seus cismas pós-adolescidos.Afora isto, a Sabedoria anda aí. Graças ao Senhor pelo blogue.
Outro que Nuno Fonseca dixit
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